Airbnb e o futuro das cidades brasileiras: como construir um modelo justo, sustentável e inovador?

Destino-BSM0
Level 2
Curitiba, Brazil

Airbnb e o futuro das cidades brasileiras: como construir um modelo justo, sustentável e inovador?

Olá, anfitriões e colegas de jornada! 

 

Diante da crescente discussão pública sobre o impacto do Airbnb nas cidades brasileiras — especialmente em temas como gentrificação, crise de moradia e uso do espaço urbano — gostaria de abrir este espaço para uma conversa mais técnica, respeitosa e construtiva, baseada em dados, boas práticas e nossa vivência como anfitriões.

 

⚖️ O que está em jogo?

 

Plataformas como o Airbnb são frequentemente responsabilizadas por problemas urbanos complexos — como a alta nos aluguéis ou a escassez de moradia acessível. Mas, ao olharmos mais de perto, percebemos que o contexto brasileiro é profundamente diferente de cidades como San Diego ou Barcelona, onde legislações restritivas surgiram por saturação turística.

 

📌 Exemplo comparativo:

 

  1. San Diego (EUA): 1,4 milhão de habitantes, 35 milhões de turistas/ano.
  2. Rio de Janeiro (BR): 6,2 milhões de habitantes, ~5 milhões de turistas/ano.

O Brasil não está vivendo uma superexploração turística que justifique medidas radicais.

Na verdade, enfrentamos problemas estruturais muito anteriores à locação por temporada, como:

 

  1. Déficit habitacional histórico;
  2. Falta de política pública de mobilidade urbana;
  3. Inflação nos custos de construção e ausência de habitação popular em regiões centrais.

Embora a locação por temporada traga benefícios concretos, é importante reconhecer que a atividade também exige cuidados, especialmente em áreas de alta densidade urbana.

 

O que a locação por temporada representa hoje no Brasil?

 

  1. Geração de renda e empregos (inclusive para famílias de baixa renda);
  2. Revitalização de áreas urbanas antes abandonadas;
  3. Estímulo ao turismo distribuído, menos concentrado;
  4. Alternativa acessível para famílias em tratamento médico, trabalhadores temporários, entre outros públicos reais e diversos.

🔍 Então, qual o verdadeiro caminho?

 

O que muitos de nós defendemos não é a ausência de regras, mas sim uma regulamentação justa, baseada em evidências e proporcional à realidade brasileira. Algumas ideias em discussão incluem:

 

📌 Propostas:

 

  1. Cadastro simplificado de imóveis de temporada junto às prefeituras;
  2. Revisão dos Planos Diretores, permitindo zonas de uso misto com critérios claros;
  3. Indicadores de saturação real por bairro, evitando restrições genéricas e punitivas;
  4. Fundo de investimento em habitação social com base em compensações urbanísticas;
  5. Melhoria da mobilidade urbana, para ampliar o acesso aos centros sem pressionar moradias.

 

Enquanto avançamos em busca de uma regulamentação justa, nós, anfitriões, também podemos adotar práticas voluntárias que valorizem a boa convivência e o impacto positivo em nossas comunidades. Exemplos incluem: elaboração de manuais de convivência para hóspedes, comunicação transparente com vizinhos e incentivo ao turismo responsável.

 

💬 Convido vocês a refletirem comigo:

 

Como podemos fortalecer a locação por temporada como uma atividade sustentável e reconhecida?

Quais boas práticas você já adota para evitar conflitos em sua vizinhança?

Que tipo de regulação seria eficaz, sem sufocar a inovação e o direito de propriedade?

 

O Airbnb tem sido, para muitos, uma alavanca de desenvolvimento pessoal e coletivo. Vamos construir juntos uma narrativa baseada em dados, responsabilidade e colaboração — e mostrar que somos parte da solução para cidades mais humanas, equilibradas e prósperas.

 

Conto com a contribuição de vocês!

 

Abraços!

1 Resposta 1
Regina1105
Top Contributor
Brasilia, Brazil

@Destino-BSM0 

 

Excelente discussão e ótimas ponderações!

 

De fato, embora pareça um caminho sem volta, a locação por temporada tem impactado negativamente algumas regiões do mundo, especialmente por contribuir para a gentrificação em áreas turísticas. Algumas cidades enfrentam uma crise de moradia grave, que agrava ainda mais as questões sociais historicamente construídas no sistema capitalista. Então, é realmente um debate muito necessário e deve ser feito com transparência e baseado em evidências.

 

Acho que o fortalecimento da locação por temporada como uma atividade sustentável e reconhecida passa, necessariamente, por algum tipo de regulação governamental quanto à precificação e talvez algum tipo de limite quanto ao percentual de ocupação de imóveis. Além disso, acho importantíssima a declaração desses rendimentos como parte do Imposto de Renda, é uma forma de contribuir para o desenvolvimento econômico do país. 

 

Com relação às boas práticas, no meu caso é muito simples, pois recebo um perfil de hóspede que vem a Brasília majoritariamente a trabalho. Mesmo assim, reforço a questão do silêncio diurno e noturno, tanto como regra da casa, como também por solicitação entre as instruções para check-in. Faço a devida identificação dos hóspedes e estou sempre em contato com os funcionários e o síndico do condomínio, para alinhar as questões necessárias. Mas imagino que acomodações de perfis festeiros e/ou praianos tenham desafios maiores. É também um exercício de aperfeiçoamento do convívio e de imposição de limites. Muito complexo.

 

Por fim, acho que falta, por parte da própria plataforma, uma política para estabelecer requisitos para as acomodações, quanto ao mínimo de conforto e privacidade necessárias. Entendo que deve haver acomodações para todos os públicos, gostos e bolsos, mas alguns anúncios chegam a ser um ultraje com o público. Não há uma garantia mínima de encontrar o que foi anunciado e, como hóspede, já tive experiências desagradáveis que não tiveram retorno do AirBNb além do financeiro. Creio que isso também faz parte do reconhecimento e sustentabilidade desse negócio. 

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