Não sei como vos hei-de chamar, por isso dispenso o formalismo introdutório.
A vossa decisão unilateral de reembolsar os hóspedes na totalidade, sem qualquer tipo de contrapartida para o anfitrião é reveladora de uma enorme prepotência e desconsideração para os anfitriões, a quem vocês chamam, falsamente, de parceiros.
Parceiros estão juntos e lutam juntos com um mesmo objetivo.
Vocês olham para o vosso umbigo, oferecendo um voucher equivalente à vossa comissão, garantindo o vosso cash flow porque não têm de reembolsar os hóspedes.
Aos anfitriões debitam o valor da reserva em conta corrente, mesmo quando as reservas já estão fora do período reembolsável, de acordo com as condições definidas pelo anfitrião.
A vossa falta de escrúpulos é tal que, não só não usam o mesmo critério, i.e. atribuição de um voucher para reservas futura com o mesmo anfitrião, como nem sequer o voucher equivalente à vossa comissão, condiciona a que a reserva seja efetuada com o mesmo anfitrião, o que seria pouco, mas ainda assim um mal menor e revelaria alguma consideração da vossa parte.
Não precisamos de mais ameaças para além da que todos estamos a sentir.
A questão é que empresas e famílias dependem desta atividade.
A EDP, a MEO, a Câmara, o fornecedor de gás, as seguradoras, não deixarão de enviar as suas faturas no final do mês.
Portanto os salários terão de continuar a ser pagos, os proprietários dos alojamentos terão de continuar a cumprir as suas responsabilidades financeiras.
Por outro lado nenhum turista ficá mais pobre por pagar o alojamento e não vir de férias.
Férias são despesa sem retorno financeiro.
Psicologicamente é frustrante mas financeiramente não tem impacto.
Para os hóspedes serão "apenas" menos uns euros na conta de cada um.
Para nós são milhares de euros numa única conta e na vida de muitos trabalhadores.
É isto que vocês parecem não entender.
Como reis da selva procuram apenas salvar a vossa pele.
Mas quando saírem da toca, talvez a selva já não tenha "animais" suficientes para garantir a vossa subsistência por escassez da "cadeia alimentar".
