Olá a todos!
Para nossa décima terceira edição da série Anfitrião em Destaque, tenho o prazer de postar a entrevista com a @Beth56, anfitriã em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Fiquem à vontade para postar novas perguntas e comentários aqui no tópico. : ) Agora é só sentar com um café ou chá e aproveitar a ótima leitura abaixo:
Como você se tornou anfitriã do Airbnb e quando você começou?
Em 2009 ou 2010, fui visitar minha filha em Paris e ela me apresentou ao Airbnb e ao Couchsurfing. Achei ambas propostas interessantes. Queria saber mais e experimentar os dois. Mas enfrentava a resistência do meu companheiro. Foi só lá por 2012 ou 2013 que usamos pela primeira vez como hóspedes. Fomos para Buenos Aires e alugamos um charmoso apartamento em Palermo. Adorei a experiência de estar na cidade como "moradora". Conhecer as padarias e minimercados do bairro, cumprimentar vizinhos, etc. Bem diferente de hospedar-se em um hotel, em que tudo está preparada para a gente ter a experiência de turista, mas não conhecer propriamente as cidades.
Morávamos só nós dois no Rio de Janeiro, na época, em um apartamento de três quartos, em Botafogo. Super bem localizado.
Sempre gostei de receber hóspedes. Em geral, amigos que vinham à cidade. Quando meu marido ficou desempregado, achei que seria uma boa oportunidade de receber pessoas e fazer algum dinheiro para pagar as despesas da casa. Eu dava aulas na universidade e, para viver no Rio, isso não era suficiente.
Decidimos, então, fazer o anúncio no airbnb. Dei uma pesquisada nos anúncios que já existiam, e, com nossa câmera, fizemos fotos. Ficaram tão boas que, mesmo depois da fotógrafa do airbnb vir para fotografar o quarto, continuaram usando as nossas no anúncio.
Desde o início, procurei ser o mais verdadeira possível nas fotos e nos textos que escrevia a nosso respeito.
No Rio, recebemos gente de muitos lugares diferentes do mundo. Foi uma oportunidade fantástica de trocar ideias e conviver com gente bem mais jovem, com ideias e expectativas de viagem muito variadas e culturas diferentes.
Quando viver no Rio ficou praticamente impossível (não pela violência, mas pelo alto custo de vida), em 2016, resolvemos voltar para Floripa, onde temos dois apartamentos. Um foi colocado para aluguel anual e no outro vivemos. Temos três quartos também e moramos ao lado da Universidade Federal. Localização perfeita para receber pessoas que vêm para atividades acadêmicas. Arrumamos o quarto de hóspedes com carinho, fotografamos o apartamento e fizemos novo anúncio. Sucesso! O calendário ficou praticamente lotado no segundo semestre de 2017.
Gosto tanto da experiência de receber pessoas, entendê-las, dar liberdade, ouvir suas histórias, torcer para que tenham uma boa estada, que atinjam seus objetivos de viagem, compartilhar uma refeição, fazer um bolo e oferecer, ajudar com dicas da cidade, que vira e mexe penso em me tornar profissional da área. Abrir uma pequena pousada, quem sabe?
Ao mesmo tempo, cada hóspede é um processo de ansiedade. Será que dormiu bem? Gostou do espaço? Ficou satisfeito? Falei bobagem? ... Mas aí vem as cinco estrelinhas na avaliação e eu fico contente. Fiz bem o trabalho.
Desde o início, estabeleci que recebo hóspedes como recebo amigos em casa. Com o mesmo cuidado e dedicação. Mas, convenhamos, as pessoas que alugam um quarto na sua casa são menos cansativos do que os amigos. Estes a gente tem que alimentar, entreter, levar para passear. Com hóspedes pagantes eu só faço essas coisas se tiver vontade e perceber que o hóspede está disposto.
Fale um pouco sobre o seu anúncio.
Floripa - https://www.airbnb.com/rooms/18391986
Vivo neste apartamento há uns vinte anos, com excessão dos 4 anos que passei no Rio. Aqui meus filhos cresceram, eu fiz mestrado e doutorado, conheci meu atual companheiro, recebi muitos amigos, ou seja, é um lugar cheio de histórias da minha vida. Gosto dele, embora seja meio barulhento. Tem a minha cara e não paro de pensar em possíveis reformas. Não é grande, não tem luxo. Mas tem uma suíte onde durmo e os hóspedes usam o banheiro social, que fica ao lado do quarto. Assim, é praticamente uma suíte. Estar ao lado da universidade é uma das grandes vantagens deste apartamento.
No seu anúncio, qual foi a sua foto favorita?
https://a0.muscache.com/im/pictures/e68212b2-f682-4e16-bedf-5f34038249fd.jpg?aki_policy=x_large
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Qual foi a sua melhor experiência como seu hóspede do Airbnb?
Não tive experiências ruins como hóspede! Fiquei em apartamentos em Buenos Aires, Lisboa e Valência e todas foram ótimas. Fiquei num quarto em Vitória do Espírito Santo e a anfitriã era dez! Só um apartamento que alugamos nos Pirineus, com minha filha e o marido, me deixou meio de cara, não tinha lencois, toalhas, nem papel higiênico. Era um apartamentinho em um hotel, numa estação de esqui. Lindinho, mas não limpinho e sem ítens básicos. Ainda assim, a estada lá foi ótima! Como a casa de Garopaba, que aluguei para ficar um fim de semana perto do meu filho que mora lá. A casa não era super limpa, não tinha lençois e toalhas, mas a cozinha era bem equipada e passamos um tempo ótimo por lá. Quase prolonguei a estada.
Qual é sua atividade favorita como anfitrião?
Receber. Prestar atenção nas expectativas dos hóspedes. Se querem conversar, converso. Se querem ficar na deles, fico na minha. Se ficam no quarto estudando o tempo todo (acontece muito aqui em Floripa. O quarto é preparado para tal), ofereço um café. Se querem dicas da cidade, eu dou. Mas procuro não ser invasiva e respeitar o espaço deles.
Qual evento do Airbnb você mais gostou de participar?
Comecei a participar da comunidade no Rio de Janeiro. Achei a experiência muito interessante. As pessoas abrindo suas casas para receber outros anfitriões era uma coisa que me encantava e me enchia de curiosidade. Participar de eventos oficiais do Airbnb, como voluntariado para arrumar uma praça da Rocinha ou o Host Day, também foram oportunidades para, além de conhecer outros anfitriões, me fazer pensar a respeito da atividade. Resolvi, então, pesquisar academicamente a tal "economia de compartilhamento", fazendo uma etnografia desses encontros comunitários. Escrevi um projeto de pesquisa e mandei para várias instituições aqui no Brasil e em Barcelona. O projeto foi aceito em Barcelona, mas não obtive a bolsa de estudos do governo brasileiro. Acabei deixando de lado. Publiquei um artigo a respeito dessa etnografia e depois disso, parei de pesquisar (embora permaneça sempre analisando e questionando a comunidade, observando as transformações por que passa, etc). Aqui em Floripa, comecei participando das reuniões oficiais de formação do clube de anfitriões e depois daquelas organizadas pela própria comunidade. Confesso que não gostei do rumo que as coisas estavam tomando. Estranhei o "poder" dado pelo Airbnb para um dos membros que, hoje, se comporta como o "dono da comunidade" e decidi não participar mais. Acompanho os grupos de hatsapp, pq sempre tem o que aprender ali.
Não tem um evento que eu tenha gostado mais. De todos tirei algum aprendizado.
O que você mais gosta aqui na Central da Comunidade?
Das trocas de informações, de conhecer as experiências dos outros anfitriões, da disposição da Gaby em manter a comunidade ativa.
Quais são seus interesses e hobbies?
Gosto de estudar. Sou doutora em Ciências Humanas e tudo que se relaciona ao comportamento e à cultura me causam curiosidade.
Gosto também de fazer doces, embora ande com preguiça ultimamente.
Gosto, muito, de sair com os amigos ou de fazer festas em casa (na minha não, pq não cabe uma festa).
Amo viajar. Não viajo mais por falta de recursos rsrsrs
Em resumo: amo conhecer.
Se você pudesse voltar no tempo para quando começou como anfitrião, que conselho você ofereceria para você mesmo?
Acho que não faria nada diferente. De qualquer forma, acredito ser importante: a) conhecer a plataforma e o que ela pode ou não pode te oferecer. b) ser humana com os hóspedes e entender que eles são humanos. c) entender que cada experiência é unica e não é pq alguém lida com as coisas de um jeito que este é o jeito certo. O mais importante é absorver o conhecimento que é compartilhado em todos os níveis da plataforma e da comunidade.
Beth, que delícia ler sua entrevista. A sua jornada é muito muito interessante. Muito obrigada por ter aceitado o convite. Fico muito feliz que você tenha topado compartilhar informações sobre sua vida particular e também sua vida como anfitriã do Airbnb.
Fiquem à vontade para fazerem perguntas para a Beth! : )
