Era o ano de 2014; em meio a protestos políticos que sacudiam o Brasil, teria início, finalmente, a Copa do Mundo.
Embora eu seja um ardoroso fã de futebol, jamais pensei que este evento teria algum impacto na minha vida fora alguns jogos e festas legais em minha cidade.
Porto Alegre é uma pacata cidade do sul do Brasil; embora tenha 1,5 milhão de habitantes, pode-se dizer pacata pelos hábitos de interior e aparente tranquilidade que persistem em muitos bairros. Não é um lugar em que se vê muitos estrangeiros e, portanto, este era um evento que trazia muitas expectativas.
Na época um simples estudante de direito e estagiário em escritório de advocacia, ainda morando com os pais, pensei: "como eu posso ganhar algum dinheiro com isto tudo?". A ideia de hospedar turistas foi a primeira a vir à mente.
Sem nunca ter ouvido falar em algum serviço deste tipo - sempre viajava me hospedando em hostels - escrevi no google algo como "como hospedar pessoas em sua casa". O site logo no topo parecia interessante - AIRBNB.
Para horror dos meus amigos e parentes, resolvi que seria uma boa ideia deixar que desconhecidos entrassem na minha casa e dormissem no quarto ao lado - e inclusive na minha própria cama. E meus pais, para minha própria surpresa, concordaram com a ideia.
Veio então o grupo de dois casais uruguaios, viajando de Montevideo a Porto Alegre em um Ford Ka dos antigos. Depois brasileiros e peruanos.
Para espanto dos meus amigos, nenhuma das terríveis previsões de que minha casa seria saqueada, destruída ou de que eu seria esfaqueado à noite se cumpriram. Então, por que não continuar hospedando após a Copa do Mundo?
Esta foi a decisão mais sábia da minha vida; em pouco tempo, ver sua mãe animadamente conversando com um colombiano sobre cinema, uma garota australiana chorando de coração partido ou uma família do País de Gales celebrando o casamento da filha mais velha - na sala da própria casa - passam a ser cenas comuns e esperáveis.
Após 6 anos e mais de 400 reservas, há dezenas de boas histórias para contar e nenhum único problema a relatar. A verdade é que notícia ruim vende mais, mas a maior parte das pessoas é boa e honesta.
O slogan do Airbnb é "belong anywhere" - pertença a qualquer lugar, em tradução livre. A ideia mais óbvia é pensar que se trata de o hóspede pertencer a qualquer lugar quando viaja e é fraternalmente recebido por um anfitrião desconhecido. Obviamente isto é verdade mas, não tenho dúvidas, todo anfitrião se sente pertencente ao lugar do qual aquele hóspede vem.
Nos anos seguintes, deixei de ser advogado, passei a anunciar outros imóveis meus, virei co-anfitrião de diversas pessoas, virei um Expert e, agora, sou o representante em língua portuguesa dos anfitriões Airbnb no Conselho Consultivo de Anfitriões . Penso e vivo o mundo Airbnb desde que acordo até dormir. Foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida e, vejam só, quase por acaso.
Quero que todos os anfitriões me conheçam e se sintam à vontade para me contatar sempre que for necessário. Não sou ninguém especial, senão um simples anfitrião que ainda vive o dia a dia normal do nosso ofício, com todos os problemas e alegrias que isso traz.
Sou um ferrenho defensor da marca Airbnb - entendo e respeito anfitriões que trabalham com outras plataformas, mas não é o meu caso - e creio que a empresa deve ser parceira e apoiadora dos anfitriões. O nosso negócio depende da plataforma e o deles depende que haja anfitriões dispostos e felizes em abrir seus imóveis, mas seguros de que terão todo o apoio necessário.
O ano de 2020 foi o mais difícil de nossas vidas e, ao que parece, 2021 também não será fácil.Mas tenho certeza que sairemos mais fortes do que nunca.
Um fraterno abraço a todos os anfitriões, deste colega que espera poder bem representá-los.
Vinicius De Franceschi
- Airbnb Superhost in Porto Alegre, Brazil
- Airbnb Expert
- Airbnb Host Advisory Board Member